Em suas primeiras expressões o bebe combina ritmos e alturas diferentes, cheios de significado, embora sem o uso da linguagem falada que os adultos usam. Somente depois de alguns meses, perto do primeiro ano de vida estes sons adquirem um significado, comum aos bebes e ao mundo ao seu redor. É neste momento que eles começam a se expressar através de palavras que reconhecemos e identificamos.
Fiquei um bom tempo sem escrever novos posts. Nesse meio tempo, a Luíza cresceu, fez seu segundo aniversário e aprendeu a
falar. Não dá pra esconder uma pontinha de orgulho quando falo isso. Porque se,
por um lado, tive que ouvir muitos questionamentos sobre o tamanho dela, sobre
o tempo que demorou para andar e outros detalhes, começou com as primeiras
palavrinhas antes de um ano. E agora, com dois anos e três meses já diz frases
bem fundamentadas.
Não se sinta pressionada se seu filho está na idade de
aprender começar a falar (entre 10º e 15º mês) e ainda não começou. Cada
criança tem seu ritmo. Não se compare e muito menos compare seu filho! Faça disso
um hábito! Sou professora e – acredite - isso prejudica seu filho mais do que
nos primeiros anos da vida, e trás consequências pra vida adulta dele.
Mas, voltando ao assunto do post, ainda antes da Luíza
nascer ficava me perguntando por que a filha da minha vizinha falava tanto,
ainda tão pequena. Eu supunha que era porque ela ouvia música o tempo todo,
tinha um repertório enorme: músicas sobre bichos, cores, números, dormir, tomar
banho, comer, etc. Essa era a minha desconfiança.
Sendo professora de música, antes mesmo da Luíza nascer já
colocava muita música para ela. Percebi que ela, assim como seu filho ou
qualquer outra criança, sempre reagia com algum movimento. Depois, começou a
reagir com sons: agah, baba, eh... E a primeira música que cantou foi “Brilha,
brilha estrelinha”, claro que só o final das frases.
Lembrei da filhinha da minha vizinha e da faladeira aqui de
casa e fui pesquisar sobre música e desenvolvimento da fala. Encontrei uma
pesquisa norte-americana muito interessante sobre o assunto.
A maioria dos
cientistas defende que a criança primeiro aprende a expressar-se através da
fala, e o desenvolvimento da linguagem musical começa só após este processo. Mas
Brandt, Gebrian e Slevc (2012) defendem a ideia de que o desenvolvimento
infantil começa exatamente ao contrário. Um recém-nascido ouve a fala da mãe,
por exemplo, mas não entende o significado das palavras. O que ele ouve é um
combinado de sons com alturas e ritmos diferentes que também estão cheios de
expressão e entonação. O que é isso? Não se parecem com os elementos da música
(altura, duração, timbre e intensidade)?
Em suas primeiras expressões o bebe combina ritmos e alturas
diferentes, cheios de significado, embora sem o uso da linguagem falada que os
adultos usam. Somente depois de alguns meses, perto do primeiro ano de vida
estes sons adquirem um significado, comum aos bebes e ao mundo ao seu redor. É
neste momento que eles começam a se expressar através de palavras que
reconhecemos e identificamos.
E onde a música entra nisso?
Quanto mais música seu filho
ouve, mais ele desenvolve a capacidade de ouvir e perceber os diferentes sons.
Com o passar do tempo, ele passa a repetir o que ouve, e como desenvolveu a
escuta de forma muito atenta, vai repetir melhor – “mais certinho”.
Ouvir muita música também vai ajudar seu filho a ter um
vocabulário considerável desde cedo. Imagine uma criança com dois anos que já
sabe falar: quartel, soldado, sítio, canoa, índio, pica-pau, e por aí vai. Isso
só das músicas mais conhecidas, que você com certeza consegue lembrar e sabe
cantar pra ele.
Então, seja qual for a idade do seu filho, aproveite os
benefícios da música para o desenvolvimento da linguagem. Coloque muita música,
cante junto, mexa-se, invente, componha... O resultado é ótimo!
Para ver com detalhes: